nâo é por acaso Luis

nâo é por acaso Luis: (www.astormentas.com)
Poema ao acaso


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Nirma em RE, convidada, pentagrama o amor


Gilka Machado

REFLEXÕES

Eu sinto que nasci para o pecado,
se é pecado, na Terra, amar o Amor;
anseios me atravessam, lado a lado,
numa ternura que não posso expor.


Filha de um louco amor desventurado,
trago nas veias lírico fervor,
e, se meus dias a abstinência hei dado,
amei como ninguém pode supor.


Fiz do silêncio meu constante brado,
e ao que quero costumo sempre opor
o que devo, no rumo que hei traçado.


Será maior meu gozo ou minha dor,
ante a alegria de não ter pecado
e a mágoa da renúncia deste amor?!...
.






Nirma Regina Constantino - Pianista - Sâo Paulo - Brasil
Post transprantado de: http://aartedoslivrespensadores.blogspot.com/2010/09/gilka-machado-brahms-sonata-no-2-for.html
GILKA MACHADO: A POESIA DO DESEJO

Gilka da Costa Melo Machado poeta fluminense(Rio de Janeiro 1893 – Idem 1980) foi uma mulher avançada em relação ao seu tempo.

Como poeta, foi combatida veementemente por parte dos escritores modernistas, mormente pelo poeta, romancista e ensaísta paulista Mário de Andrade (São Paulo 1893 – Idem 1945) que a achava escandalosa. Os poemas audaciosos de Gilka desafiavam os preceitos e a conduta moral de seu tempo colocando pânico nos falsos moralistas do início do século (hoje existem muitos ainda).

Seus versos falam da condição feminina, expondo de forma ousada para a época o desejo da mulher se libertar das amarras machistas daqueles tempos. Em 1933, Gilka foi eleita “A Maior Poetisa do Brasil”, por concurso da revista “O Malho”, da cidade do Rio de Janeiro. Em 1979, a escritora foi agraciada com o prêmio “Machado de Assis”, da Academia Brasileira de Letras. Nesse mesmo ano a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro prestou homenagem à mulher brasileira na pessoa de Gilka. No início da carreira Gilka se valeu do simbolismo para escrever seus poemas.

Obras principais: Cristais Partidos, 1915; Estados de Alma, 1917; “Poesias 1915 / 1918”, 1918; Mulher Nua, 1922, O Grande Amor, 1928: Meu Glorioso Pecado, 1918; Carne e Alma, 1931; Sublimação, 1928; Meu Rosto, 1947; Velha Poesia, 1968; Poesias Completas, 1978. Gilka Machado está perene dentro de nosso contexto literário, pois sua poesia é inigualável. Fiquemos, portanto, com três raríssimas jóias produzidas pelo vasto universo da mente de Gilka.


http://recantodasletras.uol.com.br/biografias/73193


Ser Mulher

Ser mulher, vir à luz trazendo a alma talhada
para os gozos da vida; a liberdade e o amor;
tentar da glória a etérea e altívola escalada,
na eterna aspiração de um sonho superior...

Ser mulher, desejar outra alma pura e alada
para poder, com ela, o infinito transpor;
sentir a vida triste, insípida, isolada,
buscar um companheiro e encontrar um senhor...

Ser mulher, calcular todo o infinito curto
para a larga expansão do desejo surto,
no ascenso espiritual aos perfeitos ideais...

Ser mulher, e, oh! Atroz, tantálica tristeza!
ficar na vida qual uma águia inerte, presa
nos pesados grilhões dos preceitos sociais!
.
Gilka Machado

3 comentários:

  1. Obrigada pelo seu carinho...
    Beijinhos...pra lá do mar...

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  2. Muito obrigado eu, Nirma, pela tua visita e consentimento.

    E obrigado tambem por me teres dado a conhecer esa imensa mulher brasileira que foi Gilka Machado e a sua poesía.
    Beijos do Fisterra atlántico

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  3. http://concorno.blogspot.com.es/2010/06/nirma-regina-um-piano-unico.html

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