nâo é por acaso Luis

nâo é por acaso Luis: (www.astormentas.com)
Poema ao acaso



Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.

Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão — felizes! — num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.

Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?

Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento.
Em nenhuma epiderme.

Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: “Quem foi?...”

Morrer mais completamente ainda,
— Sem deixar sequer esse nome.


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Fose miña a tua vida



Fose miña a túa vida

na mesma pel sementada;
fose o tempo esa xornada
no corazón compartida;

fose a carne peneirada
polo matraz, derramada
polo cartaz, derretida;

fose, que fose apousada,
na pedra lar consumada,
con tal fervor consumida

(Rioderradeiro)




Foto: b.s. / Kerala-India.2001
/E-00:19h

1 comentário:


  1. Fose miña a túa vida

    en fértil pel sementada;
    fose o tempo esa fornada
    no corazón compartida;

    fose a carne peneirada
    polo matraz, derramada
    polo cartaz, derretida;

    fose, que fose apurada,
    na pedra lar consumada,
    con tal fervor consumida;

    fose, que fose asumida
    como unha flor, conformada,
    transmutada, transferida
    e noutra pel transportada.

    (Rioderradeiro)

    23-07-2017 16:27

    ResponderEliminar