Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão — felizes! — num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.
Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?
Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento.
Em nenhuma epiderme.
Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: “Quem foi?...”
Morrer mais completamente ainda,
— Sem deixar sequer esse nome.
ResponderEliminarFose miña a túa vida
en fértil pel sementada;
fose o tempo esa fornada
no corazón compartida;
fose a carne peneirada
polo matraz, derramada
polo cartaz, derretida;
fose, que fose apurada,
na pedra lar consumada,
con tal fervor consumida;
fose, que fose asumida
como unha flor, conformada,
transmutada, transferida
e noutra pel transportada.
(Rioderradeiro)
23-07-2017 16:27