nâo é por acaso Luis

nâo é por acaso Luis: (www.astormentas.com)
Poema ao acaso



Meu Senhor, tende piedade dos que andam de bonde
E sonham no longo percurso com automóveis, apartamentos...
Mas tende piedade também dos que andam de automóvel
Quantos enfrentam a cidade movediça de sonâmbulos, na direção.

Tende piedade das pequenas famílias suburbanas
E em particular dos adolescentes que se embebedam de domingos
Mas tende mais piedade ainda de dois elegantes que passam
E sem saber inventam a doutrina do pão e da guilhotina

Tende muita piedade do mocinho franzino, três cruzes, poeta
Que só tem de seu as costeletas e a namorada pequenina
Mas tende mais piedade ainda do impávido forte colosso do esporte
E que se encaminha lutando, remando, nadando para a morte.

Tende imensa piedade dos músicos de cafés e de casas de chá
Que são virtuoses da própria tristeza e solidão
Mas tende piedade também dos que buscam o silêncio
E súbito se abate sobre eles uma ária da Tosca.

Não esqueçais também em vossa piedade os pobres que enriqueceram
E para quem o suicídio ainda é a mais doce solução
Mas tende realmente piedade dos ricos que empobreceram
E tornam-se heróicos e à santa pobreza dão um ar de grandeza.

Tende infinita piedade dos vendedores de passarinhos
Quem em suas alminhas claras deixam a lágrima e a incompreensão
E tende piedade também, menor embora, dos vendedores de balcão
Que amam as freguesas e saem de noite, quem sabe onde vão...

Tende piedade dos barbeiros em geral, e dos cabeleireiros
Que se efeminam por profissão mas são humildes nas suas carícias
Mas tende maior piedade ainda dos que cortam o cabelo:
Que espera, que angústia, que indigno, meu Deus!

Tende piedade dos sapateiros e caixeiros de sapataria
Quem lembram madalenas arrependidas pedindo piedade pelos sapatos
Mas lembrai-vos também dos que se calçam de novo
Nada pior que um sapato apertado, Senhor Deus.

Tende piedade dos homens úteis como os dentistas
Que sofrem de utilidade e vivem para fazer sofrer
Mas tente mais piedade dos veterinários e práticos de farmácia
Que muito eles gostariam de ser médicos, Senhor.

Tende piedade dos homens públicos e em particular dos políticos
Pela sua fala fácil, olhar brilhante e segurança dos gestos de mão
Mas tende mais piedade ainda dos seus criados, próximos e parentes
Fazei, Senhor, com que deles não saiam políticos também.

E no longo capítulo das mulheres, Senhor, tenha piedade das mulheres
Castigai minha alma, mas tende piedade das mulheres
Enlouquecei meu espírito, mas tende piedade das mulheres
Ulcerai minha carne, mas tende piedade das mulheres!

Tende piedade da moça feia que serve na vida
De casa, comida e roupa lavada da moça bonita
Mas tende mais piedade ainda da moça bonita
Que o homem molesta — que o homem não presta, não presta, meu Deus!

Tende piedade das moças pequenas das ruas transversais
Que de apoio na vida só têm Santa Janela da Consolação
E sonham exaltadas nos quartos humildes
Os olhos perdidos e o seio na mão.

Tende piedade da mulher no primeiro coito
Onde se cria a primeira alegria da Criação
E onde se consuma a tragédia dos anjos
E onde a morte encontra a vida em desintegração.

Tende piedade da mulher no instante do parto
Onde ela é como a água explodindo em convulsão
Onde ela é como a terra vomitando cólera
Onde ela é como a lua parindo desilusão.

Tende piedade das mulheres chamadas desquitadas
Porque nelas se refaz misteriosamente a virgindade
Mas tende piedade também das mulheres casadas
Que se sacrificam e se simplificam a troco de nada.

Tende piedade, Senhor, das mulheres chamadas vagabundas
Que são desgraçadas e são exploradas e são infecundas
Mas que vendem barato muito instante de esquecimento
E em paga o homem mata com a navalha, com o fogo, com o veneno.

Tende piedade, Senhor, das primeiras namoradas
De corpo hermético e coração patético
Que saem à rua felizes mas que sempre entram desgraçadas
Que se crêem vestidas mas que em verdade vivem nuas.

Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade
Que ninguém mais precisa tanto alegria e serenidade.

Tende infinita piedade delas, Senhor, que são puras
Que são crianças e são trágicas e são belas
Que caminham ao sopro dos ventos e que pecam
E que têm a única emoção da vida nelas.

Tende piedade delas, Senhor, que uma me disse
Ter piedade de si mesma e da sua louca mocidade
E outra, à simples emoção do amor piedoso
Delirava e se desfazia em gozos de amor de carne.

Tende piedade delas, Senhor, que dentro delas
A vida fere mais fundo e mais fecundo
E o sexo está nelas, e o mundo está nelas
E a loucura reside nesse mundo.

Tende piedade, Senhor, das santas mulheres
Dos meninos velhos, dos homens humilhados — sede enfim
Piedoso com todos, que tudo merece piedade
E se piedade vos sobrar, Senhor, tende piedade de mim!


segunda-feira, 9 de maio de 2011

Fernando Mora, bem invitado, ratón confeso



-
Todos ratones.

Es verdad.
Un abrazo,

Fernando Mora.



Respuesta a Fernando Mora:

No porque tú lo seas, confieso que siento gran admiración por los ratones de campo, con los que estuve en guerra durante más de una decada.

Más aún, incluso les tomé gran respeto y cariño. Innumerables veces a lo largo de ese período de hostilidades pensé, que pena que no hubieran negociado la paz.

Como me hubiera gustado poder habilitarles una residencia en mi huerta, a salvo de gatos y demás rapaces, y suministrarles diariamente comida con una dieta equilibrada, además de planchas de porespán que tanto les diviertía convertir en bolitas.
Con su parque de diversiones anexo, dotado, como todos, de columpios, toboganes, balancines, etc. Su SPA, que ya no falta en ningún hotel, y un aula musical con instrumentos a medida, que, como se puede apreciar por las fotos, les encantan.

Suele pasar entre enemigos, aún sin llegar al odio, que nunca les tuve, acabar por comprenderse, admirarse mutuamente, y quererse. Recientemente me encontré con el jefe de una empresa para la que trabajé, con quien no tuve un momento de paz. Probablemente, representé para él un buen incordio, y a cambio me lo pusieron crudo mientras trabajé allí. Me alegró verlo y saber que se encontraba bien, y me atrevería a decir que esa misma impresión me dio él respecto a mí.

Volviendo al caso, la guerra se desarrolló mediante la incorporación a la lucha en el frente de sucesivas oleadas de combatientes. Actuando en comandos de 2 a 4 miembros, los ratones invadían mi casa, que todavía conserva la huella de las batallas libradas, y los severos daños destructivos que ocasionaron.
Cuando un comando caía, antes de transcurridos tres meses otro llegaba en su lugar para ocupar la primera línea de combate en el frente.

Sin rehuir el cuerpo a cuerpo, escoba en mano, tuvimos enfrentamientos memorables, casi todos concluidos con el mango de la escoba y algún cacharro doméstico rotos, y el ratón destornillándose de risa.

Me decidí entonces por el uso del armamento convencional que los traficantes de armas ponen en el mercado hasta que, poco a poco, fui comprobando su ineficacia.

Aquellos luchadores manifestaban tal destreza, que pasaban sobre las clásicas ratoneras como el viento, ni siquiera se molestaban en sortearlas, sin sufrir ni una sola baja.


Recurrí más tarde a un pienso letal granulado que les repartía en pequeñas bandejitas de porespán del super, estratégicamente situadas a lo largo de sus itinerarios habituales.
Fue entonces cuando comprendí el alcance de su inteligencia:
No se conformaban con comer grano a grano en la bandeja, sino que arrastraban estas para llevar la totalidad del grano para su guarida. ¿Cuántos animales son capaces de hacer esto, aparte de los humanos que acaparamos sin necesidad?
Ellos incorporaron el pienso a su dieta hasta tal punto que diría que lo buscaban como quien tiene adición a los dulces. Consiguieron localizar la despensa donde estaba almacenado el grano, contenido en bolsas de plástico herméticas, para lo cual royeron discretamente un paso oculto en la puerta de cierre de madera de roble, tomando por asalto la mercancía.

Opté entonces por los ahuyentadores, unos emisores de ultrasonido que, decían, resultaban insufribles para los ratones. En mi casa creo que los usaban para organizar guateques nocturnos.

No quedaba otra. Un pegamento incoloro, inodoro, insípido e invisible, arma de última generación, combinado con queso parmesano rayado de primera. Extendido sobre cartulinas en círculo perfectamente cerrado con un poco de queso en el exterior y la mayor parte inscrito en el mismo, dispuestas cuidadosamente en puntos cruciales de sus rutas.
Desaparecía todo el queso de fuera, justo hasta alcanzar el borde del pegamento, que nunca traspasaron, por lo que el inscrito en el círculo permanecía intacto.

Tras este fracaso pasé a utilizar técnicas de inteligencia militar. A lo largo del tiempo había comprobado que a un ratón no le importa caer de una altura equivalente para un humano de más de 100 metros, por lo cual bordea indiferente cualquier precipicio.


Una vez que comprobé los senderos que recorrían en altura, situé obstáculos estrechando el paso en los mismos de modo que pudieran resultar desequilibrantes y provocar accidentes de circulación, sabiendo que ellos no se tomaban demasiadas precauciones para evitar las caídas, y, en el suelo, en la vertical de probable caída, dispuse cubos con agua hasta su mitad con el fin de que allí fueran a parar. Dio ciertos resultados, accidentalmente, nunca mejor dicho.

Continúe perfeccionando el sistema, añadiendo incentivos al despiste, puesto que el accidente natural no se producía con la frecuencia requerida.
No voy enumerarlos, porque va siendo hora de acabar.

Pasado el tiempo, acabé descubriendo por azar donde tenían su cuartel, cuyo interior me resultaba inaccesible, pero con un único acceso consituido por una entrada limpia y visible en forma de portal de unos 8 a 10 cms por cada lado, que se hallaba en un rincón debajo del mueble de la cocina.

En ese justo momento pensé que estaban perdidos. Por fin había ganado la guerra.

Bastaría con poner un obstáculo insalvable en la entrada, sin dejar fugas, y podría dar por bien empleados tantos años de guerra, concluida con la victoria del "mundo civilizado" sobre "el salvaje", y de la "inteligencia humana" frente al "primitivismo animal".

Me dispuse a poner en marcha la operación, sin darme mucha prisa, con la confianza que daba saber que ya estaban en mis manos.

Vertí una extensa capa del pegamento invisible sobre una lámina transparente de plástico, en su conjunto indetectable para los radares, y la coloqué en el suelo cubriendo totalmente el acceso a la entrada de su central de operaciones y alojamiento, marchándome tranquilo de vacaciones a sabiendas de que, o finiquitaban en su encierro por inanición o, en una semana, allí estaría el comando apresado.

Sorprendentemente, ninguna de ambas cosas ocurrió, puesto que a mi regreso de vacaciones el comando seguía operativo, y lo que es peor, utilizando las instalaciones de siempre, entrando y saliendo a voluntad, pese a que allí permanecía la trampa insalvable que le había puesto.

En estas cavilaciones estaba yo, rompiéndome la cabeza, desesperanzado, cuando oigo entre las cacerolas del mueble de cocina aquél ruido que me resultaba tan familiar. Allí andaba el enemigo, defecando seguramente, porque hasta ese punto llegaban burlándose de mí, dejando excrementos por todas partes sin respetar útiles de cocina, paquetes de arroz, de pasta, etc. Para qué contar más. Acaba de salir de operaciones, me dije, traspasando y burlando la “Linea Maginot” que yo les había interpuesto en su camino.

Una luz me iluminó en ese momento.
Confundirlo, aturdirlo.
Tenía que aturdir al enemigo.
Tomé un palo, abrí la puerta del mueble, y comencé a batir con él a fuerte ritmo en las cacerolas, a diestra y siniestra.

El ratón, sumido en un evidente estado de shock, comenzó a dar saltos desesperado y emprendió a toda velocidad la fuga dirigiéndose a su cuartel,

y zas… quedó atrapado.


Fernando: No podemos dejar que nos aturdan.


Un abrazo.


PD. No me corresponde a mí decir si en este caso ganaron los buenos o los malos. Pero no está de más recordar aquello de que "Dios está con los malos, cuando los buenos son menos"




© Alfonso Roldán Losada.
El ratón de campo es el más abundante de los mamíferos de nuestros montes.

FICHA TÉCNICA
Orden: Rodentia.
Familia: Múridos.
Género: Apodemus
Especie: Apodemus sylvatucus (Linnaeus, 1766)
Subespecies presentes: Se han descrito dos subespecies en la Península Ibérica: el Apodemus sylvaticus callipides, que ocupa el norte de la península.
(La tribu de mi enemigo)

Longitud de la cabeza y cuerpo, sin incluir la cola: entre 10 y 12 cms.
Longitud de la cola: de 9 a 12 cms.
Peso: De 20 a 35 gramos.
Status de la especie: No amenazada.
(Me alegra saber que sobrevivieron a nuestra guerra)


http://www.sierradebaza.org/Fichas_fauna/05_03_raton-campo/raton_campo.htm

17:33h - 18:19

3 comentários:

  1. Pero que difícil es no acabar no ya aturdido, si no hasta mareado.
    Gracias Bem. Siempre aportas claridad, hoy además, regalas quietud.
    Un abrazo,

    ResponderEliminar
  2. O sea, que mi rollo te durmió. No me extraña.
    Yo también lo estoy, pasaron exactamente 4 años, y contesto ahora.
    Hace un par de años, contando estas batallitas a un par de amigos en Muros, ambos dijeron que les recodaba una peli que habían visto, La milla verde.
    La busqué en youtube y la vi a trozos. Me gustó.
    Otro, tarde si, pero igual de sentido.

    ResponderEliminar
  3. Com um amigo, atrás de um muro.
    Não há mar que resista. Não há muros.

    ResponderEliminar